Tráfego telefônico.
Vamos falar hoje sobre tráfego oferecido e tráfego escoado.
Você sabe mesmo a diferença entre estes dois conceitos?
Dissemos em postagens anteriores que o tráfego oferecido é
estimado, ou seja, ainda não temos como mensurá-lo. O tráfego escoado (medido)
é aquele que nos é apresentado em relatórios de tráfego emitidos pela central telefônica.
É fácil fazermos esta distinção entre o “Ao” e o “Ae” quando
apresentamos o seguinte conceito:
Ao = Ae + Ap ou seja,
Tráfego Oferecido = Tráfego Escoado + Tráfego Perdido.
Se o tráfego perdido for igual a zero, temos então que o Ao
= Ae.
Em postagens anteriores, também dissemos que um recurso (canal,
tronco, enlace, etc.) pode escoar no máximo 1 Erlang. Dado pela seguinte
fórmula:
A = C. tm/T -> Tráfego = Número de chamadas (C) x Tempo
médio destas chamadas (tm) / Período de observação (T).
Se tivermos então para um determinado recurso a seguinte
situação: 1 chamada que tenha ocupado um determinado recurso (canal, tronco,
etc.), pelo período de 1 hora e que observamos este recurso durante todo este
período, ou seja, uma hora teremos:
A = 1 x 60/60 = 1 Erlang.
Você há de convir que esta seja a maior carga possível
atribuída a um recurso, pois caso você tenha duas ou mais chamadas, você não
conseguirá esta carga, as chamadas teriam que ser subsequentes (por
exemplo, duas chamadas de 30 minutos num período de 1 hora) e existe um pequeno
delay entre uma chamada e a próxima, devido até mesmo à desocupação do recurso
para se preparar para atender uma nova chamada.
Se você trabalha com tráfego telefônico, já deve ter ouvido
falar sobre as tabelas utilizadas pelas equipes de planejamento e tráfego das
operadoras do serviço telefônico. Abaixo apresento uma pequena amostra destas
tabelas utilizadas antes dos programas de software desenvolvidos na atualidade para
substituí-las:
Esta tabela de tráfego se trata de “Tabela de tráfego
oferecido” ou “Tabela de tráfego escoado”?
Para que você, definitivamente, não tenha mais dúvidas com
relação a isto, observe, na tabela acima, que para 10 recursos, coluna (N) a
esquerda da tabela e um grau de serviço (B) = 40% nos dá uma capacidade de
tráfego = 14, 68 Erlangs.
Isto contraria a nossa afirmação que cada tronco ou canal pode escoar no máximo 1 Erlang, pois
14,68 / 10 = 1, 47 Erlangs por recurso
(canal, tronco, etc.).
Então, podemos afirmar que esta tabela trabalha com tráfego
oferecido (Ao).
Para encontrar o tráfego escoado para esta situação teremos
14,68 x 40 / 100 = 5,87 que corresponde ao tráfego perdido.
Como Ao = Ae + Ap então
teremos Ae = Ao – Ap o que nos dá:
Ae = 14,68 – 5,87 = 8,81 Erlangs. Ou seja, uma rota com 10 troncos,
dimensionada com 40% de perda pode escoar no máximo 8,81 Erlangs.
Esta mesma rota dimensionada com 1% de perda teremos:
Ae = 4,461 – 0,0446 = 4,42 Erlangs.
Veja como a política de GoS (Grau de Serviço) afeta o nosso dimensionamento.
Você não pode comparar tráfego escoado com tráfego
oferecido. Muitas pessoas tem a tendência de fazer esta comparação. Observar o
tráfego escoado em uma rota ou grupo de órgãos e então verificar na tabela de
Erlang se a rota se encontra congestionada ou não. Nunca faça isto, pois você
pode incorrer em uma falha grave de redimensionamento de rota. Ainda mais nos
dias atuais em que as rotas possuem dezenas e até centenas de E1 instalados.
Abraço a todos e até a próxima postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário